Dar continuidade à luta da irmã contra uma doença pouco conhecida como o cancro do ovário, mas com uma taxa de mortalidade tão elevada foi o principal objetivo de Lúcia L. e da mãe ao entregarem ao i3S, mais especificamente ao projeto «HOPE: Improving ovarian cancer patients’ survival», liderado pela investigadora Sara Ricardo, um donativo no valor de 1.360 euros. «Escolhemos o i3S porque tem a decorrer um estudo que pretende encontrar não só uma forma de diagnóstico precoce do cancro ovárico, como também a forma de aumentar a sensibilidade das células cancerosas aos tratamentos de quimioterapia», justifica Lúcia L.

Esta verba, que foi angariada entre familiares e amigos em alternativa a comprarem flores para o seu funeral, adianta a irmã, «será dedicado à investigação, porque o inimigo que a levou, o cancro do ovário, continua a ser pouco conhecido, e enquanto nada fazemos, ele continua a bater à porta de cerca de 600 mulheres por ano em Portugal, levando com ele 380. Não podemos fazer de conta que não é nada connosco. Ele está cá e, se nada for feito, ele ganhará cada vez mais força. Temos de o derrubar». Lúcia L. não tem dúvidas: «Sabemos que assim a Marlene continua viva e continua a lutar. Continuamos com a esperança que um dia tudo isto não passe de um mau sonho, se já não para nós, pelo menos para outras mulheres.»

Lúcia L. conta, em breves palavras, o caminho de dor e esperança que a irmã percorreu: «As dores chegaram aos 36 anos, acompanhadas de um diagnóstico errado. A cirurgia trouxe o diagnóstico. Um mau diagnóstico. Um diagnóstico que demorou porque os sintomas são demasiadamente banais e a doença demasiadamente desconhecida. Veio a quimioterapia, as reacções alérgicas e os efeitos secundários, até que surgiram alguns resultados positivos. Seis meses depois, a doença voltou e nada a parecia travar. Sucederam-se tratamentos, consultas, internamentos. A minha irmã não chegou a festejar os 39 anos».

A flor da foto chama-se «Perce neige» (Fura neve). «Consegue erguer-se e florir mesmo quando tudo é neve! Ela é esperança, quando tudo à sua volta é hostil e lhe diz que não pode viver!», explica Lúcia L. «Representa muito bem a luta da minha irmã: a vontade de viver e de nunca baixar os braços, aconteça o que acontecer. Este projeto do i3S encarna esta esperança!».